Quem sou eu
- Orlando Brito do Carmo
- Jornalista, fundador e editor do Jornal do Mosqueiro, atualmente preside a AJORMAP - Associação dos Jornais e Mídias Alternativas do Estado do Para.
sexta-feira, abril 15
Morre Hélio Gueiros – O nosso simpático “Papudinho”
O ex-governador do Pará e ex-prefeito de Belém Hélio Gueiros morreu no começo da tarde desta sexta-feira (15) em Belém (PA), de complicações múltiplas. O velório acontece no Palácio Lauro Sodré, no bairro Cidade Velha, onde já funcionou a sede do governo. Político que proibiu o depósito de lixo atômico em Serra do Cachimbo, no sul paraense, ele será enterrado amanhã, às 15h, no cemitério Recanto da Saudade. A mulher do político, secretária municipal de Educação de Belém, Terezinha Gueiros, está em São Paulo, em tratamento de saúde.
Segundo informações da família, o ex-governador já vinha sofrendo de várias complicações de saúde, principalmente de insuficiência renal. Há algum tempo, ele era submetido a tratamento de hemodiálise e há três meses aposentou a coluna dominical sobre política que mantinha em jornal local do Pará.
Jornalista com passagem por todos os maiores jornais do Estado, advogado, escritor e membro da Academia Paraense de Letras, Hélio Gueiros foi governador do Pará entre os anos de 1987 e 1990. Ele também exerceu mandatos de senador, deputado federal e estadual, tendo seus direitos políticos cassados à época da ditadura militar, o que o manteve afastado da vida pública por dez anos.
A prefeitura foi o último cargo público ocupado por Gueiros, que estava com 84 anos e deixou cinco filhos. De lá para cá, foi derrotado em nova tentativa de eleição, quando perdeu para o atual prefeito, Duciomar Costa (PTB).
Cearense, o ex-governador começou a carreira política ao lado de Magalhães Barata, interventor do Pará nomeado por Getúlio Vargas classificado como populista. Foi deputado federal pelo MDB, mas teve o mandato cassado.
Foi, também, senador, mas os cargos no Executivo foi que valeram a Gueiros maior publicidade. Quando era governador, desautorizou o então presidente da República, José Sarney, de enviar lixo tóxico para Serra do Cachimbo e, ainda, sancionou lei estadual que proibiu o depósito de qualquer material radioativo no Pará.
Mais tarde, o governo revelou que os Estados Unidos pretendiam não só depositar lixo atômico no Brasil, como realizar testes atômicos aqui. A permissão renderia R$ 1 milhão por dia ao governo brasileiro, caso o acordo tivesse sido cumprido.
Apelidado de “papudinho”, ele também ficou conhecido por responder de forma jocosa a reivindicações de professores e questionamentos da imprensa. Diante de ameaça de greve dos professores, respondeu com um “eu choro”.
A morte foi lamentada por políticos e comentada pela população. Além de ter passagem por episódios que ganharam repercussão nacional, ele entrou para o anedotário político local por causa do gosto pela bebida e pelas tiradas cômicas.
O prefeito de Belém, Duciomar Costa, disse que o ex-prefeito foi uma das figuras políticas mais marcantes que o município e o Estado do Pará já tiveram.
Correligionário de Gueiros, Jader Barbalho, presidente do PMDB no Pará, lamentou a morte e disse ter vivido encontros e desencontros com o ex-governador. “Foram muito mais encontros felizes, de verdadeira amizade”, segundo ele.
Na história política do Pará, os dois já estiveram em lados opostos, com momentos em que Gueiros chamou Jader de ladrão e apoiou o então adversário do peemedebista, Almir Gabriel, para o governo, em 1994. Já reaproximados, Gueiros se filiou ao PMDB e até três meses atrás, escrevia uma coluna política dominical no jornal de Barbalho.
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