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Jornalista, fundador e editor do Jornal do Mosqueiro, atualmente preside a AJORMAP - Associação dos Jornais e Mídias Alternativas do Estado do Para.

sexta-feira, fevereiro 4

Albras era para ser em Mosqueiro


Uma das maiores fábricas de alumínio do mundo e a maior produtora do Brasil, a ALBRAS, era para ser instalada em Mosqueiro, não fosse a negativa do então governador Aloisio Chaves, orientado pelo seu então secretário de planejamento, Fernando Coutinho Jorge. Essa afirmativa é feita num álbum que conta a história da Albrás. A versão, inclusive, foi confirmada pelo próprio Coutinho Jorge em recente um almoço oferecido na Assembléia Parense em homegaem aos 89 anos do ex-governador do Pará, Aurélio do Carmo. Em conversa de mesa, Coutinho Jorge e Mário Chermont relembraram o episódio que foi registrado na coluna social de Bernardino Santos de O Liberal(Edição de 2 de fevereiro).
É através desse álbum, A história da Albrás, bem editado graficamente, em 232 páginas, com rica iconografia. Apesar de ser uma publicação institucional da companhia e ter sido escrita por um dos seus ex-presidentes, não é uma hagiografia nem chega a ser uma versão bitoladamente oficial. Quem relata é Romeu do Nascimento Teixeira, que presidiu a Albrás por 18 anos. O jornalista Lúcio Flávio Pinto reproduziu em linhas críticas em seu Jornal Pessoal – Edição de Janeiro 2010 parte dessa história que muito deve interessar aos historiadores de Mosqueiro.
A Albrás é a maior empresa com sede no Pará e na Amazônia. Em 24 anos de funcionamento, sua produção acumulada já alcança 9 milhões de toneladas de alumínio, destinado principalmente ao exterior e, em particular, ao Japão, que ficou com quase metade desse total. A receita dessas exportações no período supera 13 bilhões de dólares. É a maior exportadora de alumínio e também a maior produtora do Brasil. É a 8º maior fábrica de alumínio do mundo e a líder no continente. Está a menos de 50 quilômetros em linha reta de Belém, mas raros paraenses a conhecem pessoalmente, sabem o que ela representa ou sequer que existe. Não parece que está em Barcarena: parece que foi instalada em Marte. A Albrás entrou em operação em julho de 1985. A primeira exportação de lingote foi em 4 de abril de 1986, quando o navio Sun Rokko Colombo desatracou do porto de Vila do Conde carregado com 26,5 mil toneladas de metal destinados aos Estados Unidos. A primeira exportação para o Japão só aconteceu seis meses depois. Foram 16,7 mil toneladas embarcadas para o porto de Yokohama. A Alunorte responde por 15% das necessidades japonesas de alumínio. É a maior fábrica japonesa fora do Japão.
Para chegar a esse resultado, a Albrás precisou se entestar com um empreendimento paralelo, que com ela iria competir e desde o início procurou sufocá-la. À frente dessa empreitada estava ninguém menos do que a maior indústria de alumínio do mundo, a americana Alcoa, a líder do cartel das “seis irmãs”, empenhada em rearrumar esse oligopólio durante a transição da crise mundial de energia.
Sugestivamente, as duas selecionaram o mesmo local para nele instalarem sua fábrica: a ilha de Mosqueiro. No primeiro contato com o então governador Aloysio Chaves, em 23 de outubro de 1975, Eduardo Carvalho, diretor da Vale, pediu apoio para instalar a fábrica de alumínio na ilha: “A forte recusa do governador em relação a esse local, por ser um balneário próximo a Belém, empurrou a Albrás para Barcarena”, testemunha Romeu. A Alcoa, que nem foi recebida pelo secretário de planejamento do Estado, Fernando Coutinho Jorge, se mudou para o estado do Maranhão. Se a decisão oficial de negar a construção em Mosqueiro foi acertada ou não, cabe aos analistas e historiadores tirarem suas comclusões.

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